segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
O LADO BOM DA VIDA
O senso comum costuma pensar em "deficientes" como "outros"que tem "necessidades especiais".
Porquê é tão difícil assim,encarar as pessoas como elas são?Diferentes,e só.
A gente sempre escuta:"ah,mas você é inteligente,isso que importa...ah você anda,se vira,etc";
e oque odeio,abomino,vem na sequência:"quando vejo gente assim,penso que são lições de vida,
e morro de vergonha:eu,que posso andar,não faço nada,o cara é deficiente e faz tudo..."
Esse tipo de "elogio" para mim é aviltante!É péssimo,por que embute um sentimento de superioridade,
um comparativo que não cabe como delicadeza em nenhum espirito de aceitação genuína.
Cada pessoa vem equipada de fabrica com potencial,boa vontade,perseverança.
O que não vem junto é a inveja,a prepotência em se achar melhor, o complexo de culpa pelo destino alheio.
Comecei vendo o filme "O lado bom da vida",com um forte senso crítico,achando problemático um sujeito
que dá uma surra no amante da esposa e por isso vai para uma internação de 8 meses num sanatório.
A mãe o tira de lá,e ai começa a história...Milhões de perguntas vieram a mente,a cada sequência
do filme.Quem é mesmo o doido da família?O pai viciado em apostas?A mãe,mais perdida que cachorro em
mudança?O irmão,que também se penaliza por estar feliz com a esposa,o emprego,etc?
Todos somos doidos,deficientes.E a superação,o controle de nossos impulsos,a organização mental tão
difícil nesses tempos de obrigação em ser feliz,correia para cumprir metas,informação a toda hora...
A ajuda vem de onde menos se espera,a moça também desajustada da vizinhança,que a principio
incomoda o rapaz,colocando-o contra a parede;e fazendo-o refletir sobre seus sentimentos
da maneira mais simples;uma troca de favores,quase infantil;mas tremendamente eficaz:
"Te ajudo a reconquistar sua esposa e você me ajuda numa apresentação de dança"
Não conto o final,que todos já imaginam,mas uma das perguntas que estou saboreando a resposta:
Quando cumprimos uma missão,quantas outras podemos criar e resolver ao mesmo tempo?Sim,por que nossos
atos desdobram-se em outros,e nada é um processo de crescimento isolado."Aprendo a dançar,te ajudo
na apresentação,treino a disciplina,emagreço,etc.Assim,você também resolve seus problemas,que
não são poucos,eu sei."É um acordo sem palavras,de cooperação ,claro,mas sem coitadismos ou
colheres de chá de ambos os lados.Só ajuda quem pode,quem se identifica com a dor e a história do próximo.
Só compreendemos quem conhecemos,e isso inclui nós mesmos!
Fiquei irritada com a fotografia feia,e a história por vezes arrastada e angustiante,Robert De Niro magro
e envelhecido demais,mas quando a gente insiste um pouco e passa a ver a coisas por ângulos desafiadores
e impensados,sempre vale a pena.Quem não teve vontade de encher de porrada o amante da esposa que
atire a primeira pedra!
Maluquice,no dos outros...
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TEXTO MUITO BOM, GOSTEI AMIGA ...
ResponderExcluirTA DE PARABÉNS ARRASOU ! BJS
Obrigada,Samira!
ExcluirFico muito feliz de você ter lido,e gostado.
Seja sempre bem vinda!
Beijos